Textos que estavam presentes no site Rizoma.net estão disponíveis agora no formato de e-book. O rizoma era um site que reunia artigos sobre as resistências contemporâneas. Além disso, havia muita coisa sobre movimentos de resistência historicamente importantes, como o situacionismo. Como também boas traduções de teóricos críticos como Guattari, Deleuze, Foucault, Franco Berardi. O rizoma foi desativado em 2009 após a morte de seu mentor, o ativista e teórico Ricardo Rosas. Quanto ao material está disponível no seguinte link.
Eu gostaria de falar um pouco sobre o conteúdo do site. A grande sacada do Rizoma.net era mostrar como campos heterogêneos se interpenetram e possibilitam potência: arte, mídia, política, urbanismo, etc.
Poderíamos fazer um traçado histórico dessa conexão de campos. Debord (figura quase ditatorial dentro do situacionismo) e seus companheiros, nos anos 60, misturaram crítica social e arte e métodos ligados ao urbanismo: deriva, psicogeografia.
As vanguardas históricas já agenciavam política e arte: dadaístas, futuristas, os movimentos russo. Também o surrealismo de Breton, em determinado momento, se aliou ao socialismo; e arte como mudança social ganha consistência com a Bauhaus.
No caldo que emergiu o situacionismo, também estava a trupe de Abbie Hoffmam que produzia happenings políticos. Uma vez, Hoffman e um grupo de hippies entraram na bolsa de valores e jogaram centenas de notas de dólares para os corretores, que entraram em frenesi. Outro grupo da mesma época fez política com música, os Panteras Brancas – mas política radical diferente da de Lennon ou Dylan. Uma década depois, os punks fazem sua critica niilista social, que culmina no hardcore dos anos 80.
Ali na virada do século 21, arte, política e mídias se unem contra o neoliberalismo e o capitalismo propondo uma globalização alternativa. Não era necessariamente arte, mas táticas criativas. A agitação dos movimentos por outra globalização gerou explosão de coletivos: reunião descentrada de pessoas que atuam em alguma área, normalmente midiática-artística, mas sempre com uma tendência política.
No campo de estudos da comunicação cada vez mais há espaço para movimentos que mesclam arte, política, mídia, etc. Podemos delinear três categorias que concernem às formas como esses movimentos se conectam com as mídias: 1. para se expor ao mundo, criam táticas que os coloque na pauta das mídias hegemônicas. 2. Mídias servem como instrumento: sites, vídeos. 3. As mídias como modelo de organização. Quanto a isso, segundo Antonio Negri, grupos de resistência usariam a forma da internet: redes descentradas, compostas de singularidades autônomas.
Talvez hoje a mistura entre arte, política e outros campos seja mais eficaz exatamente por esse último elemento, a organização horizontal descentrada. O que temos hoje é uma multidão, ou melhor, uma multiplicidade de singularidades que querem fazer multidão. E o que importa é o desejo de outra realidade, de resistência.
Um comentário:
Olá pessoal,
Tudo bem? Os textos das seções Conspirologia e o Esquizofonia estão disponíveis para download em PDF: http://virgulaimagem.redezero.org/rizoma-net
-> Agora a coleção de ebooks do Rizoma.net está completa!
Façam download dos arquivos e ajudem a divulgar :-)
Abraços,
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