A Bandeirantes apresentou na quinta-feira à noite (5/8) o primeiro debate entre os candidatos à presidência. Ou pelo menos quatro deles: Dilma, Serra, Marina e Plínio. Segundo a Folha de São Paulo: “a Lei Eleitoral exige que debates no rádio e na TV tenham a presença de todos os candidatos de partidos com representantes na Câmara dos Deputados.”. Isso trouxe à tona uma nova figura, Plínio do PSOL, que não estava presente nas pesquisas de opinião, e assim na mídia hegemônica.
A grande mídia como inúmeros blogs se preocuparam com quem ganhou o debate; gostaria de fazer minha crítica partindo daí: quem ganha com tal tipo de evento?
Vamos pensar no funcionamento de um debate, ele deveria servir para deixar visível a posição dos candidatos. Mas é isso mesmo? Sabemos que emissoras de TV funcionam com o financiamento da publicidade. Esta (a publicidade) paga às emissoras para nós assistirmos gratuitamente TV (essa afirmação se torna problemática com o boom dos canais pagos, mas aqui será mantida uma visão mais tradicional do tema). Nós entramos como consumidores de publicidade; como no trabalho entramos como produtores. E o debate serve como chamariz.
O interessante que nesse caso, nós não consumimos apenas os intervalos, a publicidade, pois há um outro produto: os candidatos. Estes e seu staff nos vendem uma imagem, e nós a compramos com votos. As mais belas propostas são as que mais vendem. Mas não só propostas, como também o modo de falar, o cabelo, a face. Como disse os comentários que circularam sobre o evento, eram sobre quem tinha vencido, ou seja, quem foi o produto mais “comprável”. Candidatos e publicidade: não há distinção entre eles.
As notícias sobre os candidatos, os debates, atraem consumidores de publicidade. Assim a relação que deveria ser democrática, trazer informação sobre eleições para o público, é uma relação comercial.
Talvez por isso as matérias da Folha de São Paulo – aliás, muitas na sessão Poder – dêem mais atenção ao que foi dito por Dilma e por Serra, pois eles são o grande produto, o que mais vende, por terem maior número de possíveis votos, assim de eleitores-receptores de mídia. No entanto o humor, a língua afiada de Plínio, o tornou notícia. Apareceu na Globo News e na Folha no dia seguinte. É claro que não foi dada atenção para seu programa que o próprio chama de “radical”: redução de jornada de trabalho, limite de propriedade rural, distribuição de renda. E sim atenção para ele como figura curiosa.
Por fim, um jornalista opinativo falou minutos antes do show: cada um dos candidatos tem suas estratégias para atingir seu objetivo: ganhar o debate, as eleições, lançando mão de marketeiros, publicidade. Isso é naturalizado. Ganhar votos, seja como for, parece ser o mais importante. As mídias não dizem se isso é ético ou não.
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