domingo, 15 de agosto de 2010

ainda sobre as eleições

Saiu mais uma pesquisa de opinião do datafolha que foi estampada na capa do jornal Folha de São Paulo. Dilma está apenas a três pontos de ser vitoriosa no primeiro turno. A Folha de sábado (14 de agosto) dedicou boas páginas sobre a ascensão de Dilma e o PT. As mais interessantes foram as da seção Opinião.

No editorial foi dito: “num momento em que aumenta a sensação de bem-estar provocada pelos bons ventos econômicos, o poder de inércia do continuísmo parece difícil de ser contido.”

Já a Opinião de Cesar Maia teve como título “Chavismo tupiniquim”, na qual ele faz aquela relação que todos bem conhecemos entre Lula, Chaves e Cuba; o Lulismo (que como sabemos terá continuidade com Dilma, pois, como diz o jornal em outra opinião do mesmo dia, ela é “a mulher de Lula”) seria algo entre os regimes “autoritários bolivarianos” e uma “democracia”. Maia ainda faz estranho comentário sobre o PNDH: este seria ataque a valores morais, e assim sinal de autoritarismo (?).

Por fim, as duas últimas opiniões, uma é sobre as FARC e a outra fala sobre Chaves. Lembremos que Serra e seu vice fizeram publicamente declarações de que o PT tem vínculos com a organização colombiana.

O que dá para concluir com tudo isso: a Folha não tem o menor pudor em tentar atacar Lula, o PT e, assim, Dilma. A Folha não tem medo de fazer parte do PIG – o Partido da Imprensa Golpista que se refere principalmente à tentativa de ataque ao governo Lula pela imprensa brasileira. Também o PIG historicamente tentaria deslegitimar qualquer governo mais à esquerda no país.

Segundo Paulo Henrique Amorim “o termo PIG pode ser definido da seguinte forma: Em nenhuma democracia séria do mundo jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político — o PiG, Partido da Imprensa Golpista.” (WIKIPÉDIA)

Esse tipo de jornalismo tem como seus casos mais extremos a Veja, Olavo de carvalho, e aqui no sul Diego Casagrande. Mas jornais como a Folha são talvez mais perigosos, pois não afetam apenas os mais ingênuos (aqueles que são leitores da Veja), pois seu ar de jornalismo sério, imparcial, objetivo, principalmente, elitizado permite a Folha fazer sua guerra mantendo a pose.

No entanto esse poder das grandes corporações de mídia, do PIG, na atualidade é relativo, pois os receptores não são ingênuos, eles reconhecem a guerrilha da informação, fazem sua resistência; e essa resistência é vista na popularização da internet.

Segundo o verbete da Wikipédia sobre o PIG citado acima, Lula teria sido eleito pela sua publicização na internet.

Ou seja, sujeitos e grupos cansados do discurso unilateral produziriam seus próprios discursos, em blogs, fóruns, sites alternativos, ou buscariam canais diferenciados de comunicação. Assim há um jogo de forças: as mídias de massa tentam manter seu monopólio, a multidão foge para todos os lados conectada na rede.

Para finalizar, uma dúvida: por qual razão um governo integrado com o capitalismo mundial, como o de Lula, ainda incomoda? Sabemos que a mente é lenta; é difícil perceber as mudanças, que o PT não é o PT dos anos 80; mas não podemos subestimar a grande mídia, ela dever ter motivos que desconhecemos para tentar fazer o seu golpe (sujo). Possivelmente tenta testar seu poder no país.

2 comentários:

Provos Brasil disse...

Quem criou o termo PIG (partido da imprensa golpista) foi o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, do Rio.
O PHA que o propagou!

Provos Brasil

Pedro Du Bois disse...

Caro Diego, considere que as forças midiáticas conservadoras estão "p" da cara com o Lula porque ele "democratizou" as verbas publicitárias: antes, cerca de 500 veículos dividiam o bolo, hoje, seriam quase 2.000, incluídos pequenos jornais interioranos; como o bolo permanece o mesmo, o faturamento - a tal teta estatal - tem minguado bastante. Além dos negócios, entendamos a lógica do poder (como aprendi na Paraíba: poder não se divide, se agrega) que tem de ser mantido a qualquer custo (poder, no Brasil, é sinônimo de verbas públicas: licitações, arreglos, concessões, etc e tal: aí está a gráfica Plural, da Folha, que o órgão responsável pelo ENEM quis deixar de fora do próximo exame, em função do vazamento ocorrido ano passado: ligeirinho da silva um dito Ministro concedeu liminar obrigando a apreciação da sua (deles) proposta: quer dizer, não basta ser criminoso, tem que participar. Abraços,